Juan José Aguirre, bispo de Bangassou . (Foto: Facebook / Combonianos)
A República Centro-Africana vive um conflito armado há anos, mas o assunto é convenientemente ignorado pela grande mídia. Nas últimas semanas, ataques coordenados de milícias islâmicas deixaram dezenas de pessoas mortas.
O mais brutal foi no dia 15 de novembro, quando 42 pessoas morreram dentro da Catedral do Sagrado Coração de Alindao, que foi incendiada. Entre as vítimas estavam dois padres. Dom Juan José Aguirre, bispo de Bangassou, está denunciando o ocorrido.
Os ataques aos cristãos foram realizados por rebeldes da UPC (Unité pour la Paix en Centrafrique), uma milícia separatista. Aguirre disse à agência Fides que “não se deve apenas denunciar o massacre de cristãos. É necessário perguntar-se por que isso aconteceu”.
Ele conta que os soldados da UPC estão instalados da cidade de Alindao, onde “há um acampamento de deslocados para não muçulmanos, que acolhe aproximadamente 26 mil pessoas”. Em 15 de novembro, mais de 50 mil pessoas foram afetadas quando os dois maiores acampamentos do tipo foram incendiados pela milícia.
Dom Aguirre revela que os rebeldes islâmicos “atacaram, saquearam e incendiaram o acampamento das pessoas deslocadas, mataram mulheres e crianças e incendiaram a catedral onde mataram os dois sacerdotes”.
O líder católico ressalta que a situação no país tem um forte elemento religioso. “Grupos como a UPC são formados por mercenários estrangeiros que ocuparam o nosso território há cinco anos. São financiados por alguns países islâmicos do Golfo e dirigidos por alguns países africanos vizinhos. Eles querem dividir a República Centro-Africana, alimentando o ódio entre muçulmanos e não muçulmanos”.
O conflito na República Centro-Africana, cuja população é de 4,6 milhões, já deixou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados. A ONU calcula que 2,5 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária. O governo do presidente Faustin-Archange Touadéra, eleito em 2016, controla apenas um quinto do território.
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