Tropas francesas lançaram uma operação militar no
Mali, 7º colocado na Classificação de Países por Perseguição (WWL)
2013, com o objetivo de impedir o avanço de extremistas islâmicos do
norte para o sul do país. Os cristãos, que já sofrem severa perseguição
no norte, temem que, se não forem impedidos, muçulmanos radicais
passarão a investir contra igrejas no sul
A crise política interna na qual o Mali está mergulhado desde março
de 2012 teve maior destaque na mídia internacional após a intervenção
francesa que teve início na sexta-feira, 11 de janeiro. Por meio de
ataques aéreos, o exército francês permitiu que tropas do Mali
retomassem o controle da cidade central de Konna, ocupada por islâmicos
desde o dia anterior.
Dessa data em diante, aviões franceses têm
bombardeado bases islâmicas em Timbuktu, Gao e em outras áreas do norte
do território. Desde abril do ano passado, mais da metade do Mali foi
tomada por grupos rebeldes, alguns com ligações à Al-Qaeda.
Cidadãos malianos mostraram-se bastante positivos quanto à
intervenção militar francesa. Na capital Bamako, moradores têm
manifestado publicamente sua alegria e satisfação diante do apoio
enviado pelo governo da França. A ação militar aumentou as esperanças de
libertação do Norte da ocupação dos islâmicos.
A fim de erradicar o extremismoAté recentemente,
o Mali podia ser considerado um típico Estado do Oeste Africano, com o
islamismo moderado. É constitucionalmente laico, e partidos políticos
com conotações religiosas são proibidos, apesar de uma alta porcentagem
da população ser declaramente muçulmana. A convivência com as minorias
religiosas (cristãos e animistas), tinha sido pacífica até então.
Por muito tempo, cristãos haviam desfrutado da liberdade
compartilhada por toda a sociedade do Mali, incluindo missionários
estrangeiros, que também estabeleceram-se ao norte. Mas a situação mudou
drasticamente com o golpe militar promovido por rebeldes tuaregues
separatistas e combatentes islâmicos que, em 2012, tomaram o poder.
Assim
que passaram a controlar as decisões políticas do país, de pronto os
extremistas estabeleceram um Estado islâmico no Norte, com um regime
restrito à sharia (lei islâmica). Eles atacaram e destruíram igrejas e
outros edifícios cristãos em Timbuktu e Gao, com o objetivo de erradicar
todos os traços do cristianismo na região.
Os rebeldes também foram bastante severos com os muçulmanos menos
fundamentalistas: mataram pessoas, amputaram membros e destruiram
santuários sufistas muçulmanos.
As duras condições levaram milhares a fugir. Segundo o Alto
Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), mais de 250 mil
malianos vivem, atualmente, em países vizinhos como o Níger, Burkina
Faso ou Mauritânia, e cerca de 200 mil outros fugiram para Bamako.
Todo esse conflito violento no Mali, empurrou o país à 7ª posição da
Classificação de Países por Perseguição (WWL) 2013*, um ranking das 50 nações onde as condições para cristãos são potencialmente mais opressivas. Ele é publicado anualmente pela
Portas Abertas Internacional.
O Mali nunca tinha sido aparecido na lista antes.
Ajuda humanitáriaEntre outras iniciativas, foi
criado um comitê de crise por um grupo de igrejas e missões em Bamako,
para ajudar um mínimo estimado de 330 famílias de refugiados cristãos
que já deixaram o Norte. A ideia é auxiliar os refugiados com alimentos,
abrigo e assistência médica, bem como, a longo prazo, oferecer apoio
educacional e profissional.
Muitos cristãos que vivem agora em Bamako estão aflitos por não saberem se alguns de seus familiares estão vivos ou mortos.
"Eu entreguei minha vida a Cristo há dois anos, mas todos os membros
de minha família são muçulmanos, é por isso que minha esposa e filha me
desprezam", disse Mohamed Habi, um refugiado. "Quando os islâmicos
ocuparam a cidade de Timbuktu e iniciaram sua busca por cristãos (para
matar), eu escapei para a Mauritânia. Da Mauritânia fui para Bamako a
fim de encontrar-me com outros cristãos."
Ataques militares
franceses abriram caminho para o envio de uma missão militar
internacional. Muitos países do Oeste Africano anunciaram sua intenção
de enviar tropas para o Mali. Mais de três mil soldados são esperados
nos próximos dias, como parte da Missão Militar para a Estabilização do
Mali, apoio oficial da ONU, com suporte logístico de alguns países
ocidentais como o Reino Unido e os Estados Unidos.
Peritos militares da França alertam, porém, que a luta para a
retomada do controle do norte do Mali não será uma tarefa fácil. O
ministro da Defesa francês Jean-Yves Le Drian disse que a campanha da
França no Mali é promover um "desenvolvimento favorável". Mas ele
admitiu que a situação é "difícil" e os combatentes islâmicos estão bem
armados.
De acordo com um analista, se as forças internacionais não afastarem
os islamistas do norte do Mali, não haverá esperança de reconstrução de
uma sociedade cristã no Norte. A igreja no Sul também é cautelosa com a
crescente influência do Islã na política do Mali.
http://www.portasabertas.org.br/noticias/2013/01/2016418/
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ResponderExcluirGood luck!