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SUDÃO – Autoridades sudanesas demolem Igreja e prendem 37 cristãos

Members-of-Khartoum-Bahri-Evangelical-Church-watch-pray-and-worship-at-disputed-property.-Morning-Star-News
No dia 2 de dezembro, as autoridades sudanesas demoliram parte do prédio principal pertencente à Igreja Evangélica de Bahri, em Cartum, e efetuaram 37 prisões de pessoas que estavam orando no templo. A polícia e os agentes de segurança chegaram às 6 horas em nove vans da polícia e começaram a demolir parte do prédio.
O grupo de 15 mulheres e 22 homens foi detido antes de serem obsrvados os parágrafos 69, 77 e 99 do Código Penal. Eles falam contra  a "violação da paz, perturbação da ordem pública e obstrução de um funcionário público, durante o exercício das suas funções".
Entre os detidos, 11 pessoas foram transferidas para o Tribunal Criminal de Cartum, que absolveu duas pessoas do grupo e julgou o restante culpadas das acusações, com uma multa de 250 libras sudanesas. Outros onze foram enviados a tribunal Omar El Mukhtar em Kober, norte do Cartum. Eles foram considerados culpados das acusações e receberam a mesma multa dos demais. Após isto, já foram julgados no Tribunal Penal El Jireif e foram todos absolvidos.
O ataque ocorrido no dia 2 de Dezembro é um em uma série de ações tomadas contra a Igreja Evangélica de Bahri nas últimas semanas. No dia 17 de novembro, uma equipe de segurança chegou à igreja e demoliu um muro do prédio e das principais casas. Eles apresentaram aos líderes da igreja uma ordem judicial exigindo que o imóvel deveria ser dado a um empresário muçulmano que foi o suposto proprietário. No dia 18 de novembro, os líderes da igreja entraram com uma petição formal sobre a propriedade, e estavam aguardando uma decisão judicial. No mesmo dia, o pessoal de segurança chegou com uma segunda ordem judicial exigindo que tudo o que estava na  propriedade fosse removido, e foi colocado cadeado em uma das casas “pertencentes” ao empresário muçulmano. Os membros da Igreja formaram um escudo humano impedindo o pessoal de segurança de interferir na propriedade.
Finalmente, no dia 25 de novembro, oito pessoas foram presas por se recusarem a cumprir as ordens judiciais para entregar a igreja ao empresário muçulmano. O grupo era formado por cinco líderes da igreja: Rev. Daud Fadul, ancião Fathi Hakim, ancião Nouh Manzoul, diácono Iman Hamid e Tilal Mafishi.
Fontes locais relatam que os policiais ainda estão em torno da igreja, indicando a intenção de tomar novas medidas. O ataque à Igreja Evangélica de Bahri, é o terceiro incidente do governo destruindo prédios de igrejas durante 2014, e indica uma escalada de intimidação contra os cristãos. Em julho, o governo sudanês reforçou a política de não permitir que novos edifícios destinados a ser templos fossem construídos, duas semanas após a outra igreja foi demolida, com apenas 24 horas de antecedência dada aos líderes da igreja. Os ataques estão se estendendo também para as montanhas de Nuba, onde as Forças Armadas do Sudão (SAF) estiveram em guerra com o Movimento de Libertação do Povo do Sudão do Norte, desde 2011. Em outubro de 2014, a SAF lançou quatro bombas sobre a Igreja Episcopal do Sudão (ECS), destruindo a igreja, uma casa e propriedades adjacentes.
O chefe executivo da CSW, Mervyn Thomas, disse: "Nós estamos profundamente preocupados com a ação contínua das autoridades sudanesas contra a Igreja Evangélica de Cartum. A destruição de um edifício religioso é uma violação dos direitos que os membros da congregação têm para expressar a liberdade de religião ou crença, tal como garantido no artigo 6º da Constituição sudanesa. Além disso, a prisão de 37 membros da congregação, enquanto eles estavam orando, não é apenas uma violação dos seus direitos à liberdade de religião ou crença, mas também aos seus direitos à liberdade de expressão, associação e reunião, que são garantidos pela Constituição do Sudão. Apelamos às autoridades sudanesas para usar o máximo de  moderação e permitir o uso legal da propriedade da Igreja para se manifestar nos tribunais, garantindo simultaneamente que os direitos da igreja de Cartum Bahri não “sofram” mais interferências. A CSW apela à comunidade internacional, em particular a União Africana, para assegurar ao Sudão as suas obrigações internacionais, conforme prescrito no artigo 18 do PIDCP, bem como nos artigos 8, 10 e 11 da Carta [Bangui] dos Povos Africanos e dos Direitos Humanos, que o Sudão é signatário."
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FONTE: CSW
TRADUÇÃO: Fernando Souza l ANAJURE

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